domingo, 21 de março de 2010

CANÇÃO COM LÁGRIMAS E SOL PARA UM AMIGO QUE MORREU NA GUERRA


Meu amigo morreu. Meu amigo partiu.
Na madrugada fria fria meu amigo (dizem)
Agora habita a verde catedral dum bosque.
Meu amigo morreu. Meu amigo não volta.

Meu amigo dizia (estou a ouvi-lo)
Vou procurar a minha estrela. Foi
E não voltou. Meu amigo (dizem)
Tem agora o tamanho duma estrela.

Meu amigo não volta. Eu estou mais velho é certo.
Amigo é a palavra com aldeias dentro
Com lâmpadas sinais do amigo
Para dizer-nos : estou aqui.

Eu estou mais velho é certo. Meu amigo morreu.
Amigo é uma palavra agora com aldeias tristes
Estas paragens percorridas pela ausência
Sem lâmpadas (com lagrimas com lagrimas)

Meu amigo partiu para o espaço da noite
E há uma viola dentro da tristeza
Neste verde lugar onde a noiva anoitece.
Nunca mais voltará. (Por que morreu?)


Manuel Alegre, in A Praça da Canção.

R.E.P. Casimiro.

1 comentário:

f_mg disse...

Apresento aqui os pêsames à famílias e uma sentida homenagem a este nosso amigo que as nossas memórias jamais deixarão morrer, ele apenas partiu primeiro